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Patologias associadas à absorção d’água nos blocos cerâmicos

Por Bruno Frasson - INTERVALO CERÂMICO - ANICER - 2013 - Edição nº 22 ano IV

Patologias associadas à absorção d’água nos blocos cerâmicos
Patologias associadas à absorção d’água nos blocos cerâmicos

   Empregar produtos em conformidade com as normas não só reduz o consumo de materiais, o desperdício e uniformiza a produção e melhoria da qualidade, como protegem a vida humana, saúde e segurança do usuário.

   Ainda que blocos cerâmicos apresentem elevada resistência mecânica e atendam aos requisitos dimensionais estabelecidos pela norma técnica, é de fundamental importância que a absorção de água (AA) permaneça nos limites estabelecidos pela norma técnica, uma vez que os blocos não conformes com elevada absorção de água e por consequência excessivamente porosos, tendem a reduzir a resistência à compressão das paredes da alvenaria. Este fenômeno ocorre devido à rápida redução da plasticidade da argamassa quando em contato com blocos de alta AA, causando um enxugamento da junta da argamassa, prejudicando a aderência e aumentando a fissuração da mesma, pois não haverá água suficiente para hidratação do cimento. Sofrem também um aumento de cargas quando expostas à chuva, podendo acarretar em patologias estruturais à construção. O seu efeito é comumente agravado quando se associa a um conjunto de mecanismos como a presença de sais, gerando criptoflorescências entre a superfície externa do reboco e a camada de pintura e eflorescências nas superfícies das paredes.

Em casas populares habitadas por moradores de baixa renda é comum que permanecem ‘cruas’, ou seja, sem recobrimento que preserve suas paredes e, devido à exposição às chuvas, os problemas são ainda mais gritantes.

    As patologias podem ser amenizadas molhando as faces de assentamento dos blocos, porém geram outro problema: o maior consumo de água na construção, acarretando em maiores impactos ambientais.

Além do exposto, este fenômeno tem ainda outras consequências, tais como:

Aumento da umidade geral da edificação: formação de bolores e proliferação de fungos, expondo o usuário (habitante) a uma série de doenças;
Alteração de condições de habitabilidade (salubridade) e conforto;
Manchas e/ou degradação da tinta e dos revestimentos, rebocos e decoração com gesso;
Descolamento do reboco, revestimentos cerâmicos ou semelhantes;
Diminuição do desempenho térmico devido à concentração de água nos materiais da fachada, tornando a alvenaria mais permeável ao calor.

     A impermeabilização em paredes com infiltrações e/ou umidade ascensional proveniente da alta AA na maioria dos casos é ineficaz. Este procedimento acaba limitando a capacidade de evaporação da água presente na parede, que é forçada a procurar outras zonas para atingir o exterior.

O atendimento à norma de desempenho (ABNT NBR 15.575) também pode ser afetado pelo excesso de AA, com relação à estanqueidade de vedações verticais internas e externas, sejam de áreas molhadas ou molháveis.

Por outro lado, blocos com baixo índice de absorção fazem com que a argamassa não absorva a quantidade necessária de água da mesma, resultando em baixa aderência, pois tendem a ‘flutuar’ sobre a argamassa, prejudicando ainda a resistência à flexão do elemento e, consequentemente, sua durabilidade.

A forma mais eficaz de evitar todas essas patologias é optar por blocos em conformidade com as normas técnicas, que neste caso trata-se da ABNT NBR 15.270. Atualmente, a norma estabelece que a AA não deve ser inferior a 8% nem superior a 22%, tanto para blocos de vedação como para estruturais. No entanto, com revisão concluída recentemente pela Comissão de Estudo Especial de Cerâmica Vermelha (ABNT/CEE-179), haverá uma mudança do limite máximo de AA, que passa a ser 25% para blocos de vedação e 21% para blocos estruturais. Além de solicitar os laudos aos fabricantes ou realizar diretamente o ensaio, os construtores podem contar com importantes ferramentas como Programa Setorial da Qualidade (PSQ) e a Certificação Inmetro, que asseguram o atendimento desta e demais exigências da respectiva norma aos produtos qualificados ou certificados.

Criptoflorescência - também são formações salinas de mesma causa e mecanismo que as eflorescências, mas que formam grandes cristais que se fixam no interior da própria parede ou estrutura, causando o aumento significativo de volume e a desagregação dos materiais (PITCON, 2016).

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